Educação em Destaque

Ensaio Sobre a Construção Do Conhecimento

INTRODUÇÃO

 

        O presente trabalho tem como objetivo discursar sobre algumas teorias acerca da construção do conhecimento, ou seja, fundamentações e o seu valor em relação ao indivíduo que constrói o seu conhecimento e coloca em prática. Para Foucault (2005, p.110) o conhecimento definido como a estranha instauração do formal em uma ordem sucessiva que é a das gêneses psicológicas ou históricas. O conhecimento, portanto, impõe-se ao real e visa ordená-lo de fora para dentro. Portanto a teoria do conhecimento é uma reflexão filosófica com o intuito de investigar as origens, as possibilidades, os fundamentos, a extensão e o valor do conhecimento. A escolha e o grande problema desse tema é analisar o porquê da constante busca do ser humano em deter o conhecimento.

 

 SUJEITO E OBJETO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

    

      O que é o conhecimento? Por que devemos construir o conhecimento? O conhecimento está disponível para todos? Essas são perguntas filosóficas que partem do princípio da indagação, afinal para respondê-las é necessário um conhecimento prévio, uma vivência de mundo ou acúmulo saberes. O filósofo norte- americano contemporâneo Richard Rorty nos traz a definição mais frequente acerca dessas teorias: “Conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente”. A representação, por sua vez, é o processo pelo qual a mente torna presente diante de si a imagem, a ideia ou o conceito de algum objeto.

 

    Partindo do conceito primitivo, construção é o ato de construir algo, e por consequência colocar em execução, embora se possa falar em ato reflexo, ato instintivo e ato espontâneo como movimentos que partem do sujeito independentemente da sua vontade, percebe-se que nesses casos não se tem propriamente um ato, uma ação livre, mas apenas um movimento involuntário indeterminado. Somando construção mais conhecimento pode-se aferir uma ligação epistemológica que resulta entre dois elementos básicos: um sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente) e um objeto conhecido (a realidade, o mundo os inúmeros fenômenos). Só haverá conhecimento se o sujeito conseguir assimilar o objeto, isto é representa-lo mentalmente.

     As diversas teorias do conhecimento explanam de modo divergente dependendo da corrente filosófica. Segundo RORTY (1988, p.59) no idealismo o sujeito predomina em relação ao objeto, isto é, a percepção da realidade é construída pelas nossas ideias, pela nossa consciência. Assim, os objetos seriam “construídos” de acordo com a capacidade de apreensão do sujeito. Já o realismo mais ingênuo acredita que o conhecimento ocorre por uma assimilação imediata das características do objeto, de outro modo o objeto se mostra como realmente é ao sujeito que o percebe, determinando o conhecimento que então se estabelece

     Fica evidente a grande relação entre o saber e a filosofia, porque existe uma busca e questionamentos a respeito do mundo, pessoas e ideologias que integram essa conexão. . Foucault (2006, p.19) acentua chamemos de filosofia, se quisermos, esta forma de pensamento que se interroga, não certamente sobre o que é verdadeiro e sobre o que é falso, mas sobre o que faz com que haja e possa haver verdadeiro e falso, sobre o que nos torna possível ou não separar o verdadeiro do falso.

 Esses questionamentos iniciam o encadeamento da cognição quando a criança percebe o comportamento do adulto e por imitação repete os gestos, as expressões faciais e as palavras dos adultos com quem convive. Por isso, o conhecimento empírico, ligado ao fazer em que pouco se conceitua e muito se apreende pela experiência, pelo senso comum. São as relações sociais que criam outras ideologias, ou modalidade de conhecimento divergente que substância e classifica o ordenamento do saber. De acordo com as teorias do conhecimento o ser humano aprende de modo diferente e mais ainda a comunicação atinge o nível de desenvolvimento necessário para a compreensão com a ajuda de elementos externos, o outro, o livro, o professor, a TV, a Internet apropriam-se do novo saber organizando-o a seu modo.

 

 A BUSCA INCESSANTE DO CONHECIMENTO

 

      Com o avanço da globalização o acesso à informação ficou mais disponível e precário, pois existe um “bombardeio” contínuo de comunicação que altera de forma incessante a noção de conhecimento. Com isso, a sociedade sente uma “pressão” midiática para deter o saber de forma constante. Hoje, percebemos claramente essa cidade do conhecimento constituída por redes de computadores interconectados, hipertextos, máquinas e seres humanos que compartilham informação e conhecimento a todo o momento, sem barreiras espaço-temporais.

       Essa noção que o saber é algo aberto, que muda historicamente e adota diferentes discursos ao longo da história transcorre da ideologia de Foucault, que trata, por fim, de um projeto marcado pela indiferenciação entre o verdadeiro e o ilusório. Isso porque ao pretender abarcar uma realidade que, por mudar muito e abranger múltiplos aspectos, simplesmente não pode ser abarcada. O saber, para esse filósofo alemão é sempre uma forma de interpretação, mais que uma forma de definição. E quem interpreta o saber, para ele também está interpretando a si próprio.

         A ansiedade informacional potencializa nossa preocupação acerca dessa crescente busca pelo conhecimento, pois quando ultrapassa o limite o corpo do indivíduo começa a transpor uma “carga” de embaraços informativos com os sistemas de informação e com aqueles que necessitam de informação. O que o ser pensante necessita entender está ligado com a produção da ciência da informação a qual busca potencializar as possibilidades de organização, representação e gestão da informação e do conhecimento e, por outro, possibilitar aos usuários, interagentes e/ou leitores potenciais e reais o acesso ao universo informacional e o uso da informação com autonomia, posicionamento crítico e responsabilidade, com vistas a uma sociedade da informação equitativa e transformadora. Entretanto, essa teoria não se aplica da mesma forma na prática, porque sabe-se que pessoas que possuem habilidades com a ciência da informação utilizam esse meio para propagar informações inverídicas e até mesmo aplicar golpes.

 

 CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM

 

       O conhecer se levarmos em conta a sua ligação com a aprendizagem é a procura e o encontro da verdade e da realidade, em que os espaços escolares dão essa significação. Os saberes são até hoje, de modo geral na escola, pré-selecionados e passados prontos, mesmo se falando tanto que a mente não é uma folha em branco. O vestibular brasileiro continua ditando os saberes a serem absorvidos pelos alunos de forma pré-estabelecida.

 

[...] a escola organiza-se basicamente em termos de conhecimento apresentado sob a forma de conteúdos disciplinares. Os espaços curriculares escolares são loteados entre as diferentes matérias, e os tempos são subdivididos em doses diárias – as aulas. Porém, conhecer é conhecer o significado, e o significado é sempre construído pelas pessoas, ou seja, o conhecimento é sempre pessoal. (MACHADO, 2002, p.141)

 

           Essa prática tradicional meramente reprodutiva tem que ser combatida, porque não é esse conhecimento que leva a aprendizagem. Possuir a ideia que os alunos aprendem os conteúdos escolares graças a um processo de construção pessoal dos mesmos, acarreta em uma educação popular que preza pelos conhecimentos prévios do aluno. (DELORS, 1998, pp.90-1) destaca o conhecimento como devendo ser aprendido. Este tipo de aprendizagem que visa não tanto à aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida humana. Meio, porque se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar. Finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir.

Nesse caso, o que nos permite falar de construção de conhecimento e não de cópia, precisamente a ideia de que aprender algo equivale a elaborar uma representação pessoal do conteúdo objeto de aprendizagem.

 

CONCLUSÃO

 

    A aquisição do conhecimento resulta da construção das relações sociais, ou seja, ambiente, meio, sujeito e ideologias. Esse ensaio constatou de forma bibliográfica a impossibilidade de se conceber ideias, ideologias ou saberes sem trocar experiências, porque só detém o saber, o individuo que está inerente a sociedade concordando ou discordando com suas práticas históricas. Os filósofos foram os primeiros seres humanos a desencadear essa analise critica acerca do conhecimento, elaboraram as teorias do conhecimento que estuda as questões das relações entre o sujeito e o conhecimento.

 

    Outras opções de aquisição do saber (novas tecnologias) apareceram sendo instrumentos e meios de acesso rápido e fácil à informação, porém incutindo de forma implícita a busca incessante do saber midiático, deixando para trás uma atividade realmente importante: pensar. Pensar implica em conhecer. Conhecer é a chave que abre as portas do Mundo. Destarte, percebe-se que o próprio sujeito fundamenta e inicia a construção do conhecimento, historicamente aprimorando suas práticas A produção de conhecimento pode então dar-se como conteúdos apreendidos e elaborados pelo sujeito tornando-o mais culto, modificando seu modo de ser, ou como uma inovação na bagagem do saber da humanidade.

 

Profa. Priscila Oliveira 

 

A arte criativa de contar histórias

O momento da contação de história é o ápice de um processo em que circulam

diversas variáveis. A história a ser contada, o público, o contador, o evento, e os elementos cênicos (figurino, objetos utilizados, cenário, ambiente, som, iluminação) são alguns exemplos.

O que capta a atenção do ouvinte, no entanto, assim como do apreciador de uma música ou de uma obra de arte, parece ser considerado como “a essência do mistério criativo” e está presente em todas as formas de expressão.

A expressão em uma performance narrativa terá o “tom” que o contador imprimir à sua apresentação. Esse “tom” está relacionado à sua história de vida, suas experiências e interações. É a criatividade pessoal que transforma as vivências em meio de expressão. O sujeito que conta a história pode conseguir, ou não, tocar o coração de quem ouve. Isso dependerá também, como em qualquer outra linguagem artística, da interação que se conseguir estabelecer com o interlocutor.

Se houver uma ressonância com as suas vivências, o narrador terá a felicidade de promover um contato íntimo dele consigo mesmo e com o outro, promovendo resgate, ressignificação e até cura para ambos.

É importante que o contador de histórias se aproprie das variáveis contidas no campo fértil da tradição oral. Que ele conheça histórias para contar, domine técnicas de contação e sensibilização do público, tenha sabedoria para escolher o traje adequado, a ambientação favorável, músicas, elementos, sons e luzes que chamem atenção.

Porém, é essencial, diria mais ainda, é vital, que o contador expresse a sua verdade interior quando ele for se apresentar. Sem ela, sem nossa verdade intrínseca, não adianta memorizar a história, criar vestimentas mirabolantes nem utilizar recursos diferenciados.

Nada nem ninguém poderá nos lançar ao mundo senão nós mesmos, por meio de nossa essência.

Luciana Ávila
Novas Tecnologias e Educação
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Contação de histórias

A história começa assim: refletindo sobre literatura infantil

A literatura infantil é um ramo da literatura no qual os textos produzidos são endereçados diretamente a um público em especial: a criança, o adolescente ou o jovem. O gênero literário infantil foi gradualmente conquistando espaço nas discussões acadêmicas, nos programas de incentivo governamentais e no mercado editorial, a partir da repercussão do conceito de infância e mais ainda da cultura da infância, debatido em várias instâncias.

Na linha do tempo mundial, a literatura infantil se inicia no século XVII com a coleta e adaptação de contos e lendas da Idade Média, trabalho do francês Charles Perrault (Cinderela e Chapeuzinho Vermelho), constituindo os contos de fadas, que durante longo período de tempo foram considerados o paradigma da literatura infantil.

Na Alemanha do século XIX os irmãos Grimm (João e Maria, Rapunzel) também desenvolveram uma coleta de contos populares. Em vários locais foram desenvolvidas soluções narrativas que se tornaram a base, os padrões do gênero literário infantil, como as do dinamarquês Christian Andersen (O patinho feio, Os trajes do imperador), as do italiano Collodi (Pinóquio), as do inglês Lewis Carrol (Alice no país das maravilhas), as do americano Frank Baum (O mágico de Oz) e as do escocês Jamies Barrie (Peter Pan).

O trabalho de adaptação dos contos populares se fundamentava na identificação entre a ingenuidade da mentalidade popular e a infantil, invocando o direcionamento de ensino, de orientação moral (o valor pedagógico) já que a criança viria a se tornar um adulto. A literatura infantil cumpria assim, naquela época, a sua missão didática, pedagógica.

No Brasil, a literatura infantil se inicia com o trabalho de um intelectual destacado na sociedade: Monteiro Lobato. O autor estabelece em sua obra uma ligação entre a literatura e as questões sociais, contrapondo as visões elitistas, europeias e livrescas, tão comuns em sua época. Através de uma narrativa que registra as peculiaridades locais e que, indo mais além, se identifica com a mesma de forma sensível e inteligente, Lobato prestigia a literatura infantil e perdura por muitos anos como o ícone do gênero. Assim, a arte literária infantil brasileira viveu por muitos anos sob a sua sombra.

Atualmente as discussões sobre literatura e literatura infantil corroboram a seguinte questão: dentre as manifestações artísticas, a literatura é aquela que luta pelo seu “lugar ao sol” como uma forma de arte, assim como, a literatura infantil batalha pelo seu “lugar ao sol” como um ramo da arte literária.

A Literatura Infantil “vive entre dois mundos”, o pedagógico e o literário, o que a situa em uma difícil crise de identidade. A que princípio maior serve a literatura infantil? Formar leitores fluentes, preparar sujeitos para uma apreciação ética e estética, promover uma leitura de mundo crítica e reflexiva? A todos estes juntos?

Paradoxalmente o gênero cria uma ligação inevitável entre os dois campos, a pedagogia e a literatura, uma “interseção” por assim dizer sem a qual a literatura infantil não poderia existir.

Dessa forma, encontramos o gênero literário para a criança, o autor e o leitor em uma complexa rede de interesses e situações envolvendo suas vidas, suas histórias, suas realidades, suas imaginações e suas perspectivas. Portanto, a quem caberá de fato definir o destino da literatura infantil? Sob que égide será constituída a arte literária endereçada à criança, senão atender à sua mais profunda e essencial perspectiva existencial de exprimir a realidade que reside internamente tanto no autor quanto no leitor, o seu real psíquico? A literatura infantil é um gênero em constante construção e constituição e não podemos negar sua natureza cultural e artística, além de formativa e informativa.

Dessa maneira é inevitável tomá-la como instrumento de formação de leitores, de preparação de sujeitos éticos, estéticos e críticos, de expressão e leitura de realidades, enfim, instrumento essencial à vida humana.

Luciana Ávila
Novas Tecnologias e Educação
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Contação de histórias

Criatividade e os processos criativos

A criatividade começa com a ideia inovadora, o start, o click – ou seja o padrão do pensar; segue com o incômodo e o desequilíbrio que culminam na necessidade da criação – quer dizer o padrão do sentir e finalmente culmina com a concretização, a realização da ideia – o que significa o padrão do fazer.

A criatividade não se completa se não coexistirem o pensar, o sentir e o fazer, padrões do comportamento humano. É como se fosse um caminho, uma trilha que cooperasse para a organização única do criar de cada um. Esse caminho é o processo que permeia a ideia, a necessidade, o sentido, o pensamento e a ação, até o produto finalizado.

Assim, a criatividade está ligada diretamente a um processo, denominado processo criativo. Mas, o que é o processo criativo? Pode-se pensar que existe uma receita ou passos a seguir para um processo criativo dar certo. Pode-se até dizer que o processo criativo está diretamente ligado à técnica. Nesse caso, proponho uma discussão com o intuito de desmistificar a compreensão limitada sobre o complexo processo criativo…

Então, poderíamos definir processo criativo como a maneira através da qual algo, que possui muita imaginação e criatividade, é feito. Uma definição simples que, em parte, omite a profundidade do ato, já que entre pensar, sentir e fazer; ter uma ideia, criar e produzir inventivamente existem variáveis não citadas, como o “criador” (vamos chamar assim a pessoa que cria), o material/suporte, a linguagem, a técnica, o produto/a obra, a revisão, o público entre outras.

O processo criativo é um desencadear complexo de reflexões e ações, e vice- versa, que estão intrinsecamente ligadas em um diálogo entre as configurações internas ao “criador” e as configurações externas a ele. Tanto na livre expressão (improvisação) quanto na prática intensa da obra revisada e acabada. Este é composto por variáveis distintas e compõe de diferentes formas o ato criador. Sua finalidade, livre expressão/improvisação ou obra acabada, colabora para a definição da maneira de se manifestar. É importante que “o criador” descubra seu caminho, seu processo criativo, a forma pela qual consegue expressar seus sentimentos, pensamentos e ideias.

Na visão transdisciplinar não existe um processo criativo e sim muitos deles, repletos de camadas e de níveis de envolvimento e propósito. Existem, por exemplo, os místicos contemplativos com foco no ser e os artistas devotados enfocando o material. Nesses dois exemplos a vida está separada dos valores e do sagrado. Mas existem aqueles que estão na “Frente pela Libertação da Imaginação” trabalhando em paralelo o ser e o material, evocando a transformação alquímica. Qualquer que seja a sua maneira de criar, ela pode seguir adiante percorrendo um caminho livre, desimpedido e eficiente ou sofrer uma pane, um bloqueio.

Criatividade e processo criativo abordam e são abordados em uma perspectiva de ser e estar no mundo, onde cada “criador” comprova sua autenticidade por meio do seu envolvimento total e da sua linguagem (pintura, escultura, fotografia, desenho, teatro, cinema, narração oral ou literatura, entre outras), evocando as origens do ser, a expressão direta da própria vida, a visão mística. O ato criador torna-se uno à autoexpressão compondo um diálogo entre criatividade e ludicidade.

Convido vocês a libertarem a imaginação em 2015!!! Criem, recriem e co-criem… Não há nada mais transformador do que se autoexpressar e concretizar suas ideias!!! Feliz Ano Novo!!!

Luciana Ávila
Novas Tecnologias e Educação
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Contação de histórias

Uma visão sobre ludicidade

A ludicidade pode ser considerada como um fenômeno da natureza humana que está presente desde os primórdios em sua história, em sua cultura. Cada ser humano experimenta esse fenômeno de uma maneira única, embora ele ainda não se dê conta disso, e as experiências não são apenas as do jogo, presente nas fases da vida, mas sim qualquer experiência que se apresente em sua história. A característica central da ludicidade é o estado de plenitude, de integralidade, de entrega que a vivência da experiência proporciona a quem a vive.

O que ainda não foi dito aqui é que, guardadas as devidas comemorações, por encontrar uma abordagem que dê conta do ponto de vista do sujeito, observada sob a ótica citada acima, a ludicidade pode estar em vias de extinção na vida humana da atualidade. Isso porque hoje em dia as pessoas não conseguem se entregar de maneira plena a uma experiência. Elas experimentam e vivenciam diversas experiências em paralelo com a ilusão de otimizar o tempo. Assim, acabam por não viver ou se entregar e integrar a nenhuma delas de maneira realmente plena e integral (vide o documentário Tarja Branca).

O mundo moderno muda de maneira rápida. A aceleração com que a tecnologia avança e a velocidade com que as informações circulam geram progresso e ao mesmo tempo instabilidade na vida do ser humano. Com base nessa perspectiva, modela-se o conceito da “modernidade líquida”. É como esse momento da história, está sendo chamado:

“Os tempos são “líquidos” porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”.Disso resultaria, entre outras questões, a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranóia com segurança e até a instabilidade dos relacionamentos amorosos. É um mundo de incertezas. É cada um por si. Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade, são incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “líquido” da modernidade, os líquidos são deliberadamente impedidos de se solidificarem. A temperatura elevada — ou seja, o impulso de transgredir, de substituir, de acelerar a circulação de mercadorias rentáveis — não dá ao fluxo uma oportunidade de abrandar, nem o tempo necessário para condensar e solidificar-se em formas estáveis, com uma maior expectativa de vida.”
(BAUMAN, 2010, disponível em:http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/paginar/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR+/3. Acesso: 10/10/2014).

O homem conhece esta realidade, está inserido nela. O verdadeiro problema não é tomar consciência disso. Mas, encontrar algo que possa provocar reflexão e desencadear a mudança. Acredito que se olharmos para nós mesmos, se o homem olhar para si, para o seu eu, para as suas experiências e para o percurso da sua história através da lente da ludicidade, das construções realizadas a partir das experiências e vivências será capaz de transformar, de revolucionar criativamente o mundo em que vive, pois, segundo Kessel (2014, p.1), a memória e a imaginação têm a mesma origem: lembrar e inventar têm ligações profundas.

Luciana Ávila
Novas Tecnologias e Educação
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Contação de histórias

Entre poemas e reflexões: Feliz Natal e 2015 iluminado!

Desde que o mundo é mundo, vive intenso desejo de tornar o mundo eterno Terno desejo mudo no mundo em que tudo é intenso, mas nem tudo é eterno Tenho para mim que meu mundo intenso é eterno enquanto vive

Se vivo no mundo intenso e interno levo para o mundo externo O eterno do mundo!!!

Ah… O mundo de hoje… Tantas coisas a refletir! Sobre o natal por exemplo: A magia do natal sempre me encantou… Toda alegria, paz universal, amor e união representados pelas confraternizações, presentes, árvores enfeitadas, Papai Noel, enfim, toda simbologia natalina me deixa esperançosa!! Me faz lembrar de que cada ponto de chegada, cada conquista realizada, cada desafio superado, cada limite ultrapassado, cada dificuldade apresentada, é, em si, um novo ponto de partida, um novo começo, um recomeço.

O começo do começo é o recomeço do velho no novo. Do sempre contido no fim , que é um novo começo… Espero sempre recomeçar, e assim construir o meu novo começo. Criar um novo caminho, nos processos criativos, na vida, nas espirais desenhadas… Em que cada ponto é um fim. E também um novo começo.

Entre inícios e fins, começos e finalizações, recomeços e desistências, entre símbolos e canções, desejos e transformações, planos e lembranças, sigo me preparando para o novo ciclo que se apresenta e renovo no coração a energia e alegria de viver, buscando sempre e cada vez mais me tornar uma pessoa melhor, ter qualidade de vida, ser feliz!! Para isso, exercitar viver o aqui e o agora e conectar com o tenho e não com o que me falta, tem sido um desafio e tanto, uma aprendizagem.

E você? Já refletiu sobre o ano que passou? Já pensou no que deseja para o ano que virá? Não perca tempo… VIVA a vida, reflita e exercite… São os meus votos de Feliz Natal e 2015 iluminado para todos vocês!

O tempo não passa.
O tempo não para.
O tempo congela e dispara.
Nesse tempo que é meu,
seu, nosso tempo…
Quanto tempo tem
que o próprio tempo
se perde de si?
Se perde de mim?
Encontre o tempo do ser…
O tempo não volta atrás.
É como o último suspiro.
Simples, leve, efêmero, etéreo.
Tempo é sempre tempo!!

Luciana Ávila
Novas Tecnologias e Educação
Psicopedagogia Clínica e Institucional
Contação de histórias

Os maiores problemas do professor hoje

Atratividade e formação são os dois maiores problemas da docência no país. Sem desatar esse nó, fica difícil avançar
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Fonte Site: Educar Para Crescer

16 questões sobre o Ensino Fundamental

O que seu filho deve aprender na Educação Básica? Descubra nesta reportagem especial
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Fonte Site: Educar Para Crescer

As metas do Plano Nacional de Educação

Conheça a opinião de especialistas de diferentes organizações sobre as 20 metas do PNE nesta série de entrevistas realizada pelo canal Futura
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Fonte Site: Educar Para Crescer

Por que conhecemos adultos que se comportam como bebês?

Vamos tocar numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. É possível ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades, mas, para é preciso disparar o alerta para uma realidade social que diz que, para se dar bem na vida profissional, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante que o outro. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma auto estima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e coautor do livro Narcisism epidemic (Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo.”

Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu alto valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos o que dificulta qualquer relacionamento.

Prof. Bruno Balthazar da Silveira
Pedagogo - Palestrante - Diretor Educacional
Diretor Abeia Bahia

A importância do brincar para o ser humano.

Se você é, ou conhece alguém de humor difícil, ou que possua dificuldades de se relacionar em grupo, é importante compreender a pedagogia do brincar, enquanto a reflexão, o debate e a pesquisa precisam ser contínuos e quase sempre estressantes, podendo ser consideradas tarefas da vida adulta.

Enquanto o conceito de brincar é infinitamente flexível, oferecendo escolhas e permitindo liberdade de interpretação. A maioria dos profissionais que trabalham com a educação ao redor do mundo normalmente concorda que, brincar é importante para o desenvolvimento, a aprendizagem e o bem-estar delas. Mas será que aqueles que trabalham com crianças mais velhas, as autoridades ou o público em geral compreendem que brincar para aprender e se desenvolver é essencial tanto para as crianças quanto para os adultos?

Pode haver entendimentos diferentes sobre o que define o conceito de brincar, dependendo da cultura, do papel profissional, do treinamento e das experiências prévias. O desafio oferecido ao leitor é, portanto, refletir sobre quais podem ser as semelhanças e diferenças entre as diversas perspectivas sobre o brincar, além de se envolver com esses diferentes debates. Alguns consideram que o brincar é uma questão ligada ao desenvolvimento, e não à educação; outros que brincar é somente para crianças pequenas; ou que o brinquedo não deve ser contaminado pela interferência dos adultos, sendo livremente escolhido pelas próprias crianças; ou que divertir-se é o elemento-chave para definir o que é brincar.

Porém do meu ponto de vista, o brincar para a criança é tão sério quanto o trabalhar é, para o adulto, com uma grande diferença “O brincar brota de dentro e a recompensa é o prazer adquirido” enquanto o trabalhar “É feito pela recompensa do dinheiro e, muitas vezes não proporciona prazer nenhum”. Portanto quem não brincou, não teve uma boa infância! Não aprendeu a firmar vínculos como deveria. Não perdeu ou ganhou em jogos, não aprendeu a ir do amor ao ódio em fração de segundos e, por conseqüência conseguiu equilibrar ao longo de suas experiências a pitada de bom humor necessária para lidar com o dia a dia.

Prof. Bruno Balthazar da Silveira
Pedagogo - Palestrante - Diretor Educacional
Diretor Abeia Bahia

Proteja seu filho(a) da vida virtual e lhe promova uma verdadeira infância.

É péssimo olhar ao nosso redor e vê crianças com menos de 12 anos de idade com Ipads e tablets nas mãos, pois são a maneira que os pais de classe média encontraram para ocupar seus filho(a)s. Um super estímulo virtual pode levar também a problemas comportamentais, como à busca por satisfação imediata em tudo. O uso excessivo de aparelhos eletrônicos limita as conexões neurais. As crianças não pensam aberto, não pensam segundo suas hipóteses do contexto real que vivenciam, mas sim, dentro da caixa, naqueles parâmetros que lhe são apresentados. As sociedades médicas na Inglaterra e nos EUA recomendam que, pelo menos até os 12 anos, crianças não usem muitos eletrônicos. Os pais, talvez no intuito de ajudar e maravilhados em ver os filho(a)s operando esses aparelhos, se rendem, indefesos, a todo tipo de tecnologia. Os problemas vêm depois.

Certamente o maior desafio na nossa educação atual seja a humanização das relações entre professores e alunos e entre professores e pais. As escolas precisam criar vivências que aproximem as pessoas, não apenas reuniões para apresentar projetos pedagógicos ou falar sobre o desempenho esperado, até porque quando em uma sala de aula, um percentual maior que 50% dos alunos perdem em determinada matéria, a escola, a coordenação pedagógica e o professor perdem juntos. Porém dificilmente o professor irá assumir sua parcela de culpa e muito menos a escola.

O efeito família é superior ao efeito escola no desempenho das crianças. Os pais devem se importar com o desempenho nos estudos dos filho(a)s. As crianças não aprendem com discursos falaciosos, mas sim com a prática diária. Você briga com seu filho(a) por causa de uma nota ruim ou um mal comportamento, e, quando ele vem mostrar algo que aprendeu, você diz: "bonito, agora me deixa ver o meu facebook". Seja sensato, valorize as mínimas aquisições de aprendizagem, pois delas virão ás boas notas.

As famílias parecem estar cansadas demais para se preocupar com o mundo dos filho(a)s, os pais chegam ao ponto de terceirizarem para a escola a educação doméstica dos filho(a)s e esta devolve para os pais. As crianças são educadas em um vácuo que tem sido preenchido equivocadamente pelo acesso desenfreado á tecnologia.

Não se enganem, professores não vão conseguir mudar a realidade que o aluno vivência intralar. Há muito que os pais devem fazer: ler um livro, levar seu filho(a) a livrarias, escolher um livro juntos, merendar discutindo a respeito do livro escolhido, brincar juntos, criar rotinas, se permitir ser criança em determinadas situações para conquistar algo que não é seu, “O seu filho(a)” porque ele é, e será do mundo e no mundo ele construirá sua própria história, traçando seu próprio caminho, que vai ser construído por escolhas, certas ou erradas, mas que não possuem aplicativo.

Prof. Bruno Balthazar da Silveira
Pedagogo - Palestrante - Diretor Educacional
Diretor Abeia Bahia

Mal educado ou não educado?

Apesar dos diversos exemplos que nos cercam em nosso cotidiano, e conhecendo diversos pais pouco atuantes em seus respectivos papéis, até porque demonstram ter medo de estabelecer limites, medo de parecerem “caretas”, medo de decepcionar os filhos, mesmo que temporariamente. Mas noto que as crianças se comportam melhor quando agimos como pais e não como amigos, estabelecendo limites e avaliando as conseqüências. Elas nos querem envolvidas em suas vidas e querem conhecer os nossos valores. Valendo frisar que, amigos via de regra nos impulsiona a fazer aquilo que nossos pais não gostariam ou não aceitariam que fizéssemos, pois, nos levam a nos expor a condições inseguras, como ir ao shopping escondido, manter o namoro com um parceiro que a família sabe que não será bom para seu filho ou até mesmo ir jogar bola em outro bairro sem avisar e muito mais. Dai o porquê de pais serem pais e amigos serem os amigos, cada um tem seu papel bem definido na vida de cada ser humano.

Muitos pais acreditam que a criança deve aprender a partir do bom senso e da intuição. Não entendem que uma pessoa se constrói á medida que vive e convive em seu meio. Uma criança não nasce com hábitos sulistas, nordestinos ou de índios, ela faz-se índia, sulista ou nordestina a partir de suas vivências. Como queremos que as crianças aprendam a comportar-se adequadamente se seus adultos “significativos” não dão o modelo, se eles mesmos não respeitam o espaço comum! Ao não ser orientada, ouvida, atendida e entendida e, ainda por cima, recebendo constantes informações de que ela é mal criada, desobediente e difícil, essa criança tem toda a possibilidade de tornar-se tudo o que foi predito para ela.

A construção do sujeito acontecerá a partir da qualidade da sua vida afetiva que está disponível ao longo dos primeiros anos de vida. Vale afirmar que a partir da temperatura do campo afetivo do entorno da criança será o propulsor das aprendizagens, ou não aprendizagens, produzidas por ela. Apesar disso, só mais recentemente é que a escola e os familiares têm objetivado entender a vida afetiva e suas repercussões no ato de aprender e de ensinar.

Precisamos nos lembrar que educar é um ato de amor, de dedicação, que requer tempo e disponibilidade. Nenhuma criança nasce sabendo e para saber é preciso que alguém se disponha a mediar o conhecimento da situação que a criança está vivendo, o seu desejo e entendimento da situação e o que é possível fazer de forma educativa e da maneira adequada a cada faixa etária.

E é bom que se diga que, suspeito que essa criança não seja “mal educada, mas não educada, o que é muito diferente” pais para sua reflexão.

Prof. Bruno Balthazar da Silveira
Pedagogo - Palestrante - Diretor Educacional
Diretor Abeia Bahia